Ela trabalhava com moda, mas encontrou a realização profissional sendo pedreira

Por Maria Teresa Lazarini

Infeliz com o emprego que tinha na área de moda, a paranaense Genny do Carmo decidiu mudar: trabalharia com construção civil. Hoje, ela não poderia estar mais feilz

fotogenny

“Qual foi a última vez que você viu uma profissional pedreira?” Provavelmente, muitas pessoas saberiam responder essa pergunta melhor se estivéssemos falando de pedreiros homens. Afinal, é muito mais comum encontrarmos profissionais do gênero masculino na área do que mulheres. Mas esse cenário está mudando: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres na construção civil cresceu 120% nos últimos 12 anos, totalizando 239.242 trabalhadoras registradas na área. E a pedreira Genny do Carmo, de 37 anos, é uma prova viva desse avanço.

Infeliz com o emprego que tinha no setor de estamparia e costura, ela decidiu mudar: tentaria trabalhar com construção civil. Após ser contratada como servente por uma construtora, ela conseguiu ganhar reconhecimento na área e foi promovida a pedreira. Hoje, Genny não se vê fazendo outra coisa.

A mesma função que um pedreiro homem faz eu também faço: sou pedreira, azulejista, trabalho com carpintaria, faço ferragem…”, conta Genny em entrevista à Azulis. “Eu gosto de aprender tudo, gosto de fazer pra gente mostrar que mulher é capaz.”

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Construindo o futuro

A oportunidade de Genny trabalhar como pedreira veio no momento que a paranaense mais precisava. O trabalho na área de moda não a deixava satisfeita e a vontade de explorar novas profissões não saía da sua cabeça. Até que Genny viu uma luz no fim do túnel: uma construtora na sua cidade (Santa Tereza Do Oeste, no Paraná) buscava novos talentos – fossem homens ou fossem mulheres. Com determinação na cabeça, ela decidiu que iria se apresentar à empresa e arriscar. As notícias foram positivas e ela foi contratada.  

Fonte: Arquivo pessoal

O primeiro passo de Genny era aprender a se virar na área de construção e entender qual era o papel de um servente – já que este era o cargo para o qual havia sido contratada. A cada tijolo que Genny assentava, o gosto pela profissão aumentava. Com uma curiosidade nata, ela não poupou esforços para aprender todas as técnicas do ofício que podia. Sem fazer aulas ou cursos profissionalizantes, ela observava o que os colegas de obra faziam para aumentar o conhecimento no setor.

Depois de muito suor e esforço, ela percebeu que era hora de dar o próximo passo na carreira. Queria ser promovida à pedreira, uma função com salário maior do que servente. “Um certo dia, no horário do almoço, eu peguei uma colher, um pouco de massa e comecei a assentar uns tijolos. Nisso, o mestre de obras passou onde eu estava e foi embora. Depois do horário de almoço ele falou: “Genny, se você quiser realmente trabalhar de pedreira, eu te dou a oportunidade. Pode começar”, ela relata.

Com o reconhecimento dos superiores e dos colegas, Genny foi construindo a estrutura da própria felicidade. Diferentemente do trabalho antigo, hoje ela se sente realizada com o emprego que tem.

Ser pedreira é algo que me completa. Eu tenho o maior orgulho da minha profissão”, conta.

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Demolindo os medos

A área de construção civil ainda é majoritariamente ocupada por homens: o gênero masculino não só é o mais presente nos cargos, mas também é o que tem vantagem sobre o salário. Engenheiras civis, por exemplo, têm uma média salarial de R$ 8,1 mil, enquanto os homens engenheiros recebem cerca de R$ 10 mil para desempenhar a mesma função, de acordo com o IBGE.

Mesmo com essas barreiras, a construção civil está se tornando um cenário mais animador para a entrada de mulheres. O estado de Minas Gerais, por exemplo, reserva 5% das vagas em obras públicas para mulheres. Além disso, já existem instituições criadas para inserir mulheres na construção civil, com projetos gratuitos. A ONG Mulher em Construção, por exemplo, já capacitou mais de 4 mil trabalhadoras para atuarem na profissão de azulejistas, pedreiras, pintoras e eletricistas.

A pedreira Genny relata que, conversando com amigas, percebe que o medo é um dos principais obstáculos para as mulheres entrarem na construção civil. Mas medo não é uma palavra no seu vocabulário. Falando que construção “é coisa de menina”, a trabalhadora incentiva mais mulheres a deixarem os receios para trás e abraçarem os novos desafios.

“O meu conselho para as mulheres é: a gente pode tudo. Se um dia alguém fez, a gente também pode fazer. Não podemos deixar nenhum tipo de medo tirar os sonhos. A gente consegue tudo, conseguimos fazer até melhor do que eles”, finaliza Genny.

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